1-A manifestação-protesto que concentrou em Lisboa mais de cem mil professores, é uma prova evidente que há um descontentamento generalizado com o processo de avaliação de desempenho que lhes é imposto pela ministra da educação. Antes, qualquer professor podia chegar ao topo da carreira pelo decurso do tempo, desde que frequentasse periodicamente cursos de formação ministrados por especialistas na matéria. Hoje, o que se pretende é um sistema que premeie o mérito de cada um de forma a permitir uma progressão mais rápida aos que trabalham mais e melhor. É sabido que nem todos os professores são iguais: uns gastam mais tempo na preparação das aulas e outros são mais absentistas e faltam por tudo e por nada. Em todas as actividades há bons e maus profissionais e é preciso ter tudo isso em conta numa avaliação que se quer justa. Se na carreira militar nem todos chegam ao posto máximo, o generalato, não faz sentido que para os professores se crie um regime especial.
2-Parece óbvio que a avaliação é absolutamente necessária e indispensável para que haja justiça e se permeiem os melhores. Resta saber se ela é feita da maneira mais adequada. Os professores queixam-se de excesso de burocracia e do tempo gasto a preencher papeis. Infelizmente, e pelo que me chegou aos ouvidos, este é um mal que se generalizou a outros serviços públicos. Se assim é têm razão. É preciso chegar a um consenso sobre os critérios mais fáceis de aplicar e que dêem uma imagem quanto possível correcta do trabalho desenvolvido por cada professor. Um indicador a ter em conta seria as notas obtidas por cada aluno e pela turma em geral desde que a aferição se baseasse em testes a nível nacional feitos com rigor. Seria também aconselhável estudar o processo avaliativo dos países mais desenvolvidos para adaptar aquilo que for possível ao nosso sistema educativo. O que me parece errado é que a senhora ministra da educação esteja mais preocupada com os números para efeitos estatísticos do que com a qualidade do ensino.
3-O número expressivo de professores que tomaram parte nas manifestações de protesto não deixam dúvidas que é preciso mexer na avaliação de desempenho. O que está em causa não é a avaliação em si mas o modo como é feita. Não se pode ser insensível ao problema e pensar que a razão está exclusivamente de um lado. Dialogar com os sindicatos não é nenhuma prova de fraqueza. A abertura à sociedade civil é muito importante
4-Os órgãos de comunicação social noticiaram que os militares não estão satisfeitos com o governo pois pretendem uma melhoria nos vencimentos e mais regalias no sistema de saúde. Alegam que pertencem a uma profissão de alto risco e que por isso se justifica um tratamento especial. Pessoalmente entendo que o risco só existe em situações de guerra ou em operações internacionais de paz. Nestes casos em que está em jogo a integridade física dos militares é justo que ganhem mais. Fora disso são cidadãos iguais aos outros e não vejo razão para serem privilegiados. De resto quem opta pela carreira militar fá-lo de livre vontade.
P.S. A televisão divulgou hoje que o governo fez uma nova proposta ao sindicato dos professores: a avaliação de desempenho só terá efeitos na colocação de professores daqui a quatro anos e não no próximo concurso, como o Ministério da Educação tinha anunciado.
Francisco Martins
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