1-A crise financeira que começou nos Estados Unidos depressa se propagou a toda a Europa. Portugal não fugiu à regra embora se queira camuflar e atenuar a situação. Os banqueiros são unânimes em afirmar que tudo vai bem e não há motivos para alarme. O ministro da economia, o primeiro –ministro e até o Presidente da República garantem que as poupanças dos portugueses não correm perigo. Se realmente é assim por que razão foi assinado rapidamente e publicado um diploma que permite ao Estado injectar na Banca 200 mil milhões de euros. Parece-me óbvio que os Bancos não têm liquidez e poderiam de um momento para o outro entrar em ruptura financeira se não fosse tomada essa medida. Esperemos que os pequenos depositantes, aqueles que colocaram as suas economias na banca não as vejam drasticamente reduzidas ou fiquem mesmo sem elas. Recordo-me que há uns anos atrás, na Argentina, os bancos faliram e os pequenos aforradores ficaram sem nada. O que é certo é que a crise está aí e infelizmente para durar. Quem são os culpados e quais as causas que estão subjacentes a esta situação? Para uns a culpa está no capitalismo desregulado que não olha a meios para atingir os fins ; outros entendem que a culpa está do lado dos consumidores que não são capazes de resistir à oferta do crédito fácil e se endividam desnecessariamente. É um facto que nem todos têm uma situação económica que lhes permita ter casa. Portugal é dos países, penso não estar a dizer um disparate, que mais casas tem per capita. As pessoas devem, por isso, ser muito cautelosas nas opções que fazem. Mas a verdade é que os bancos têm também muita culpa no endividamento das famílias, pois através de publicidade enganosa incentivam as pessoas ao consumo. Se houvesse um pouco mais de realismo não seria difícil dissuadir os que recorrem ao crédito de enveredarem por situações que os poderão conduzir à ruína. Os créditos malparados, que por vezes afundam os bancos, poderiam ser evitados se tivesse havido um aconselhamento adequado.
2-Um outro assunto que de vez em quando é abordado pelos políticos e jornalistas é o chamado Rendimento Social de Inserção ( RSI ). Criado pelo Engenheiro Guterres e conhecido por Rendimento Mínimo tem vindo a ser adaptado às circunstâncias para poder servir melhor a quem dele mais precisa. Penso que ninguém põe em causa este subsídio mas a forma como ele por vezes é atribuído. Dizem algumas vozes críticas que há pessoas que podem trabalhar e beneficiam deste subsídio. Essas situações, a existirem , deviam ser fiscalizadas e denunciadas para evitar abusos. Constou-me que alcoólicos e obesos estão a receber o subsídio porque não podem trabalhar. Nestes casos deveria primeiramente proceder-se a tratamento médico de forma a inseri-los o mais rapidamente possível no mercado de trabalho. Há também quem diga que o RSI leva por vezes as pessoas a acomodarem-se e a não procurar emprego. Aqui, estou em desacordo pois não acredito que uma prestação máxima de 180 € possa levar alguém a a desmotivar-se de trabalhar e a não melhorar as suas condições de vida. É claro que pode haver casos, sobretudo no meio rural, em que as propriedades agrícolas dêem o rendimento suficiente para poderem viver. Nesta situação específica talvez a ajuda não fosse necessária. Mas de uma maneira geral podemos dizer que este subsídio é absolutamente indispensável em situações de pobreza extrema e enquanto não for possível um regresso ao trabalho que permita outros rendimentos.
3-Segundo um relatório da OCDE intitulado : “ Crescimento e Desigualdades “, ficámos a saber que Portugal é dos países onde é maior o fosso entre os mais ricos e os mais pobres. Abaixo de Portugal estão apenas a Turquia e o México.. Quais as causas que estão na origem deste descalabro ? Em primeiro lugar o número de desempregados tem vindo a aumentar de ano para ano no nosso país e tem sido muito difícil inverter a situação. A globalização leva a que empresas fechem as suas portas para as abrirem noutros locais de mão de obra mais barata. Portugal tem muito a fazer nos próximos anos na educação e na formação de trabalho especializado, pois este objectivo é imprescindível para sairmos do impasse em que caímos. A agricultura apesar dos progressos que foram feitos nos últimos anos ainda não é competitiva e vemos um pouco por todo o lado produtos estrangeiros a preços que se torna difícil praticar cá.
Uma questão que se coloca é a de saber se não será possível corrigir os desequilíbrios sociais nas condições pouco favoráveis que a economia atravessa. Na minha modesta opinião muito se poderia ainda fazer: cortar as despesas supérfluas do Estado e das Autarquias ; aumentar os impostos aos que ganham fortunas ou reduzir os seus vencimentos para níveis aceitáveis ; actualizar anualmente os ordenados aumentando na proporção inversa ao que cada um ganha. Não sei se isto seria suficiente, mas não tenho dúvidas que seria um bom contributo para minorar a situação.
4- Segundo notícia divulgada por alguns jornais o Fundo de Segurança Social perdeu 200 milhões de Euros desde que se declarou a crise financeira de mercados. Nunca me passou pela cabeça que estes fundos fossem canalizados para investimentos de risco. Imagino como se sentirão neste momento os trabalhadores que descontam para uma reforma tranquila. Será que a garantia de Segurança do Estado é melhor do que a subscrição de PPRs nas Companhias Seguradoras ? Provavelmente nem uma nem outra serão seguras a 100 % . Que venha o diabo e escolha !
5-Dos quatro canais de televisão que possuo, os que vejo normalmente são o canal 1 e 2 da RTP. Nos telejornais detesto ver relatos de crimes, assaltos e misérias de toda a espécie. As opções culturais são poucas e estão quase todas nos dois canais que citei. Mas quando não há nada que se aproveite dou uma espreitadela pela SIC e pela TVI. E na SIC dei com um programa que se chama “ A Hora da Verdade “. E pensei para mim : não é possível o que estou a ver. Isto não é realidade mas sim ficção. Como é que uma estação de televisão pode explorar de forma tão execrável o direito à intimidade e á dignidade das pessoas. Como é que há quem esteja disposto a vender em público e por dinheiro a sua dignidade. E os canais de televisão, sobretudo os privados, fazem tudo para manter as suas audiências mesmo que tenham de recorrer aos métodos mais abjectos.
Francisco Martins
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