1-O jornalista António Pina gosta muito de meter a sua argolada em assuntos religiosos. Ele sabe e discute tudo com uma argumentação imbatível. No Jornal de Notícias ,onde tem a sua coluna crítica na última página, atacou a Drª Manuela Ferreira Leite por esta condenar os casamentos entre homossexuais e por dizer que o matrimónio tem por fim a procriação. Ora, aqui está um tema sobre o qual me apetece também dar a minha opinião. Pessoalmente não vejo com bons olhos os homossexuais embora os respeite. O que é natural e normal é as pessoas de sexo diferente casarem para constituírem família e terem filhos. Pode também acontecer que duas pessoas se juntem apenas para matar a solidão e não queiram nem pensem ter filhos. Este último caso será a excepção e não a regra. Não vejo por isso motivo para tanta indignação. O casamento entre homossexuais é uma situação” anti-natura “ que devemos apenas respeitar. Não me parece que sejam casos prioritários a ter em conta por qualquer governo no futuro. Se o jornalista citou S.Paulo a propósito da imposição do véu às mulheres, também aqui podia referir o que ele diz na sua carta aos Romanos( 1,26-27) para criticar o comportamento dos pagãos: “ Foi por isso que Deus os entregou a paixões degradantes. Assim, as suas mulheres trocaram as relações naturais por outras que são contra a natureza. E o mesmo acontece com os homens: deixando as relações naturais com a mulher, inflamaram-se em desejos de uns pelos outros, praticando, homens com homens, o que é vergonhoso, e recebendo em si mesmos a paga devida ao seu desregramento “
2- Diz ainda o colunista que a Drª. Ferreira Leite, se um dia chegasse a primeira-ministra, iria certamente proibir os casais inférteis de casar. Todos conhecemos o tom sarcástico com que o jornalista escreve, mas creio que com coisas sérias não se brinca. Muitos casais só sabem que são inférteis depois de casarem. Outros apesar de saberem antecipadamente a sua situação casam e adoptam crianças. Quase todos ficam desgostosos quando sabem que não podem ter filhos e recorrem muitas vezes à fertilização” in vitro” para o conseguirem. Nem o Estado no casamento civil nem a Igreja no casamento religioso impõe aos casais a obrigação de ter filhos. Mas a procriação, por mais voltas que se dêem, não deixa de ser uma das finalidades do casamento, e é uma coisa tão óbvia que poucos a põem em causa.
3-Para concluir, e em tom de chacota, admite ainda António Pina que o instituto do casamento “ in articulo mortis “ poderá também ser excluído do Código Civil, pois “não é crível que um moribundo se ponha apressadamente a procriar mal se apanhe casado e antes que se fine “. Quanto a isto tenho dizer a o seguinte: o homem ou a mulher, que antes de morrer pede para casar , pretende dar efeitos civis ou religiosos ou as duas coisas simultaneamente a uma comunhão de facto que pretende legitimar. São pessoas que viveram por vezes longos anos como marido ou esposa numa doação e entrega total e que querem pôr termo a uma situação irregular. Muitos deles até tiveram filhos nascidos durante esse período. Por isso também aqui não há lugar para graças de mau gosto. Se o jornalista gasta pouco tempo e poucas palavras nos textos que escreve é natural que tudo, bem espremido, não dê uma ideia para reflexão. Palavras ocas leva-as o vento (Verba volant como diziam os romanos )
Francisco Martins
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