Este é o título de um livro escrito por Roger Scruton que foi um dos mais importantes filósofos do século XX e início do século XXI. Exerceu a sua actividade como professor no BirbecK College em Londres, no Boston University, no American Enterprise Institute e na University of St. Andrews.
Deus é imanente e transcendente. É imanente pois está presente em todo o lado. É transcendente porque não se chega à imagem real de Deus empiricamente ou através da Ciência.. Para Roger Scruton a visão de Deus não está em nenhum lado( nenhures ). A sua natureza e ser colocam-no fora do mundo das particularidades empíricas. Como diz São Tomás de Aquino é o Deus « absconditus », o Deus oculto. E aqui ocorre perguntar : « Como podemos participar da visão a partir de nenhures, que é Deus ? » . De certo Deus tem de estar presente no mundo se devemos ter fé Nele pois a fé é uma relação de confiança, que exige o tipo de mutualidades que um ser livre pode oferecer a outro, no mundo do espaço e do tempo. A ligação entre a crença em Deus e a comunidade dos crentes é reconhecida no conceito cristão de comunhão. É pela comunhão que nos encontramos face a face com Deus.
Mas existe também a vista de algures que é o mundo em que vivemos e que é constituído por seres irracionais mas também por pessoas que têm um eu e uma personalidade própria. Há duas coisas que sei sobre mim como sujeito e sobre as quais não posso estar errado. A primeira é que sou um centro unificado de consciência. Continua a ser verdade que existe em cada um de nós uma esfera de autoconhecimento que é privilegiada. Sem essa esfera privilegiada não haveria «eu ». A segunda coisa que sei com certeza é que posso dar e receber razões para a acção, juízo e crença. A pergunta: Porquê ? Faz sentido para mim. Estamos num mundo onde há sujeitos e objectos. As pessoas não são apenas sujeitos: são objectos num mundo que compartilham. São seres vivos que respiram, agem, têm corpo e ocupam espaço físico. Estamos num mundo em que justo e injusto, virtuoso e vicioso, belo e feio, certo e errado são todos discerníveis. Entre os mais interessantes dos conceitos que imbuem e dão estrutura ao mundo humano está o rosto. É através da compreensão do rosto que começamos a ver como é que os sujeitos se dão a conhecer no mundo dos objectos.
O rosto torna-se o alvo e a expressão das nossas atitudes interpessoais e os olhares, relances e sorrisos tornam-se a moeda dos nossos afectos. Sorrir é uma maneira de estar presente no rosto; outra maneira é beijar. Para os gregos existiam 2 tipos de amor: o amor romântico ( eros ) e o amor caridade ( ágape ) .Nenhuma sociedade poderia assentar exclusivamente no amor erótico ou no amor caridade. Uma sociedade baseada apenas no ágape está muito bem mas não se reproduziria nem produzirá a relação fulcral ente pais e filhos. O rosto do mundo e da Terra vai sendo desfigurado pelo hábito de consumir. O problema ambiental surge porque tratámos a terra como um objecto e instrumento, um pouco como temos tratado o ser humano ou seja como objecto e instrumento. As praças e ruas estão a deixar de ser lugares onde caminhamos e conversamos; em vez disso são lugares pelos quais nos apressamos a caminho de um lar que talvez nunca encontremos. A degradação ambiental ocorre exactamente da mesma maneira que ocorre a degradação moral através do desfiguramento das coisas.
O último capítulo trata exclusivamente do rosto de Deus e do que devemos fazer para o conhecer. Toda a beleza da Terra e do Universo são obra , graça e dádiva de Deus. Mas não é pelas leis quânticas da física que chegamos a Deus. Deus também é amor (ágape ) e é por este meio que Ele desce até nós. Por isso também nós devemos ser doadores desinteressados sem esperar recompensas. Mesmo num mundo materialista e profano há pessoas que poem de lado o seu interesse pessoal e agem por causa dos outros. E aqui ocorre perguntar: Onde está o rosto para aquele que acredita na sua presença real entre nós ? O autor do livro responde dizendo que encontramos essa presença em toda a parte, em tudo o que sofre e renuncia por causa do outro. Eu diria que temos que ser como o bom samaritano que socorreu a vítima caída na estrada e necessita de ajuda.
E o autor do livro termina dizendo : Não nos devemos surpreender se Deus é tão raramente encontrado agora. A cultura do consumidor não contempla sacrifícios; o entretenimento fácil distrai-nos da nossa solidão metafísica. A reorganização do mundo como objecto de apetites obscurece o seu sentido como dádiva. É inevitável, portanto, que momentos de reverência sagrada sejam raros entre nós. O nosso mundo continha muitas oportunidades para o transcendental mas elas foram bloqueadas por lixo.
Sou leitor da VISÃO há umas décadas pois para mim é a melhor revista semanal. Na revista do dia 03-09-2023 vinha um artigo intitulado «Um País de Joelhos » escrito por Pedro Marques Lopes que confessa ser ateu e ter dormente um mata- fradismo .Este texto deixou-me atordoado pelos ataques que faz às religiões monoteístas e sobretudo à Igreja católica. Estamos num país laico onde é possível uma convivência pacífica entre ateus, agnósticos e crentes desde que haja respeito mútuo e sem ataques àqueles que são crentes. Sou católico e sei perfeitamente que a Igreja ao longo dos séculos cometeu vários erros como no tempo das Cruzadas, da Inquisição e recentemente com o assédio sexual de alguns sacerdotes. Mas por outro lado também sabemos que em todos os Continentes uma grande número de sacerdotes e religiosas dedicam inteiramente a sua vida ao serviço dos que precisam de ajuda e apoio.
Todos os jovens que participaram na Jornada Mundial da Juventude vieram de livre vontade, manifestaram a todos a sua alegria e voltaram para os seus países satisfeitos com o que viram. As jornadas Mundiais não se fizeram para promover um país ou para propaganda da Igreja. O Papa Francisco convocou a juventude para esta jornada pois ela é importante para revitalizar a Igreja onde todos são precisos. Os representantes da Igreja Católica nos hospitais públicos e nas Forças Armadas deve-se ao facto desta Igreja ser maioritária em Portugal e de poder prestar ajuda e apoio aos crentes que dela precisam. Não faz sentido que haja representantes de todas as igrejas ou seitas religiosas nestas instituições quando o número de fieis e praticantes é reduzido. Mas se alguém num hospital pedir ajuda ao representante de uma instituição da qual faz parte certamente que não lhe será vedada a entrada.
Diz o autor que a vida de Deus dá sentido a muita gente. Eu acrescento que continua e continuará a dar sentido a muita gente. Uma vida sem sentido é uma vida vazia. A beleza da natureza e a complexidade das leis que regem o universo não vêm do nada. E se os ateus como Dawkins dizem que tudo vem do nada podemos perguntar : De onde vem o nada ? É lógico que haja no princípio do mundo uma inteligência superior que ordenou tudo sem falha.
Na Revista Bíblica Julho-Agosto 2023 uma irmã religiosa pergunta qual a diferença entre o templo do Antigo Testamento e os nossos templos.
É óbvio que há 2000 anos o templo era bem diferente de hoje. Havia sacrifícios de animais e até vendilhões que Jesus Cristo expulsou por estarem a profanar um lugar sagrado.
O teólogo frei Herculano Alves explicou de forma cabal e convincente as dúvidas e interrogações desta religiosa.
Gostei muito do que li e vou fazer uma síntese citando e transcrevendo o que considerei mais relevante.
CONCLUSÃO: De facto Cristo, verdadeiro Templo, está de tal modo presente na comunidade que a torna templo santo da humanidade em que está inserida ; mas é Cristo-Templo que constrói e constitui a Igreja- Templo de Deus no mundo.
Como este ano se comemora o IV Centenário de Blaise Pascal decidi escrever um texto sobre este cientista e filósofo que foi também um cristão convicto.
1-Blaise Pascal nasceu em Auvergne em 1623 e faleceu em Paris em 19-8-1662. A mãe morreu muito cedo e o pai deu-lhe apoio pedagógico e teve influência na sua orientação científica. Aos 16 anos redigiu um Essai pour les Coniques em que manifesta já a maneira figurativa e sintética de encarar a realidade. Em 1642 e 1643 devido ao conhecimento que tem da geometria, da física e da mecânica constrói uma máquina aritmética para efectuar adições e subtrações. Em 1646 desperta para a vida espiritual e converte-se. Nesse mesmo ano repete as experiências de Torricelli sobre o vácuo. A partida da irmã Jacqueline para Port-Royal afecta-o profundamente e entrega-se por algum tempo às distrações da vida mundana. Mais tarde apodera-se dele um desprezo pelo mundo e inicia a sua vida espiritual. Decide renunciar ao mundo e a tudo o que não seja Deus. Tudo isto é contado num pergaminho designado Memorial. Em 1656 inicia a publicação de uma série de cartas ( Provinciais ) onde se coloca do lado dos Jansenistas de Port-Royal contra os Jesuítas. Os Jansenistas desvalorizavam os poderes da natureza humana e estavam constantemente em guerra com os Jesuítas por causa do valor que estes atribuíam ao livre-arbítrio. Após a morte da irmã abandonou todas as disputas que podiam separá-lo da Igreja e do seu chefe o Papa e passou a viver na pobreza e na caridade.
2-
Aqui entra em funcionamento o espírito de finesse. O homem é presa fácil do mundo que o rodeia. É dominado por paixões que perturbam os sentidos, por impressões falsas e pelo amor próprio que nos leva a odiar a verdade. Mas o homem também é grande pelo pensamento que o eleva acima da natureza. Os dogmas do cristianismo são obscuros e inquietantes para a razão mas a sua negação é fonte da maior obscuridade. Para os que não acreditam em Deus Pascal sugere o cálculo das probabilidades Há duas hipóteses possíveis: ou Deus existe ou Deus não existe. Se acreditares em Deus e Ele existir ganharás a felicidade eterna. Se não acreditares em Deus e Ele não existir não ganhas nem perdes nada
A realidade apresenta três ordens ou domínios heterogéneos: 1-A ordem do sensível ( dos corpos ) ; 2-a ordem do intelegível ( dos espíritos ); 3-a ordem do sobrenatural ( da graça )
Na ordem do sensível as diferenças saltam aos olhos: força, riqueza, poder financeiro, etc.. Na ordem do espírito é com olhos da alma e através da inteligência que podemos ver as diferenças . Na ordem do sobrenatural ou do coração podemos registar o amor ao próximo, a compaixão e a caridade.. Para Pascal a mais importante é a ordem do coração pois esta leva a melhor sobre tudo o resto
Conclusão:
Pascal não nos deixou na Filosofia uma obra estruturada mas uma miríade de pensamentos variados. Para ele a Revelação e a Fé cristã estavam acima da Filosofia.
Ao contrário de Descartes que considerava a razão como uma luz inata e imutável utilizada na prática para fazer deduções sucessivas e chegar ao saber definitivo e absoluto ( Cogito ergo sum-Penso logo existo ), Pascal concebe a razão humana como qualquer coisa de finita e aberta que se vai adaptando e alargando à realidade.
Pascal foi também um mestre do aforismo e muitos dos seus adágios tornaram-se citações conhecidas. Vou dar alguns exemplos:
O coração te razões que a razão desconhece
Nada mais cobarde do que armar em fanfarrão ;
O nariz de Cleópatra : Se tivesse sido mais curto toda a face da Terra teria mudado;
Por que será que um coxo não se irrita e um espírito coxo nos irrita ? Porque um coxo reconhece que andas direito, enquanto um espírito coxo diz que somos nós que coxeamos e assim não fosse teríamos pena e não raiva
Dou como certo que se todos os homens soubessem o que dizemos uns aos outros, não haveria quatro amigos no mundo ;
Que é o homem na natureza ? Um nada em vista do infinito, um todo em vista do nada e um meio entre nada e tudo
O Deus dos cristãos é um Deus de amor e de consolação ; é um Deu
Este é o título de um livro escrito por Raul Manarte que exerce Psicologia há duas décadas no SNS e em clínica privada. O título deste livro deixou-me perplexo pois para mim o Altruísmo existe, existiu e continuará a existir. Fui ao dicionário e verifiquei que altruísmo significa amor ao próximo, filantropia, caridade, amor à humanidade sem distinção de raça ou de nacionalidade. A tudo isto acrescento que altruísta é aquele que pratica o bem sem esperar recompensa. O Altruísmo existiu e temos o caso do conhecido Aristides de Sousa Mendes que foi cônsul de Portugal em Bordéus na França e salvou milhares de judeus do holocausto pondo em risco a sua carreira diplomática tal como veio a acontecer. Hoje centenas ou milhares de pessoas vão prestar ajuda a quem precisa de apoio em situações de catástrofe ou de guerra pondo em risco a própria vida. No futuro haverá sempre pessoas ou políticos que instigam à violência ao ódio e à guerra e ao caos como está a acontecer na Ucrânia com a ambição imperialista de Putin que pouco se importa com o sofrimento que está a infligir ao povo Ucraniano. Por outro lado também não irão faltar no futuro altruístas para restabelecer a paz e a ordem e contribuir com donativos e ajuda humanitária às vitimas da guerra e de catástrofes. Voltando atrás o autor esclarece na capa do livro que «isto de ter comportamento altruísta nada tem a ver com ser anjinho, com autossacrifício ou mesmo com deixar de ser egoísta». Aqui concordo plenamente com o autor do livro. O altruísmo pode ser definido de uma forma positiva ou negativa. No primeiro caso é altruísta quem apoia e ajuda o próximo sem esperar recompensa. No segundo caso não é altruísta quem é racista , xenófobo ou se deixa dominar pelo ódio. É claro que nem todos podem ser altruístas. Há limitações como a idade e a incapacidade física. Mas mesmo nestas condições é sempre possível recorrer a donativos quem tiver condições para o fazer e que são sempre úteis e necessários em determinados casos.
Na 2ªparte do livro Raul Manarte faz a distinção entre empatia emocional e empatia cognitiva.. A empatia emocional é sentir algo semelhante ao que os outros estão a sentir. É ver alguém triste e ficarmos também um pouco tristes, é ver alguém entusiasmado ou nervoso e sentir algo parecido. A empatia cognitiva ( ou compaixão ) é perceber o outro, percebê-lo como se fôssemos ele próprio ( ou na medida do possível ). E por fim temos o altruísmo ou comportamento pró-social, ou seja, o acto, a acção de ajudar alguém.
O altruísmo pode ser levado a cabo através de voluntarismo, do trabalho humanitário e do activismo. O voluntarismo consiste em prestar assistência prática em determinadas comunidades e através do ensino ; o trabalho humanitário tem a ver com a ajuda em situações de guerra ou em países menos desenvolvidos. Existem mesmo organizações internacionais como a FAO, Unicef, e ACNUR ; o activismo consiste em ajudar a mudar o que está mal. Teve um papel importante para pôr fim à escravatura, ao fim do apartheid e na luta pelos direitos individuais como o voto das mulheres.
Na 3ª parte do livro Raul Manarte fala de dois grupos que dividem a sociedade e que por vezes dificultam a tomada de decisões importantes. Esses grupos são NÓS e ELES. Os emigrantes são vistos para alguns com uma ameaça pois vão roubar trabalho aos que estão cá.
Um acto de altruísmo, um acto de ajuda ocorre não só a nível interpessoal ( A pessoa A ajuda a pessoa B), mas também a nível intergrupal ( Um de Nós ajuda um Deles ). Se estás a tentar pôr alguém para um dos nossos ( portugueses a ajudar portugueses, ,enfermeiros a ajudar enfermeiros, mulheres a ajudar mulheres ) a tarefa é mais fácil. Mas se estás a tentar mobilizar os Nossos para ajudar os Deles o desafio será diferente. Quanto aos emigrantes é preciso ver que uma grande maioria começa a trabalhar e por isso não só deixa de precisar de ajuda como vai contribuir para melhorar a economia do país. Para o autor também se pode pode motivar as pessoas a ser altruístas por motivos egoístas ( Ajuda ! Vai fazer-te bem ! )
E para terminar direi em resumo que se trata de um livro com conselhos práticos para motivar o altruísmo. O empenhamento de alguém pode entusiasmar ouros grupos e assim contribuir para uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais humana.
MEIAS-VERDADES
Este é o título de um texto escrito pelo Padre Manuel Augusto Ferreira, missionário Comboniano e que foi publicado na Revista Além Mar neste mês de Junho de 2023. Gostei do que li e aproveitei para desenvolver um tema muito actual, acrescentando da minha parte algumas ideias para uma melhor compreensão.
A Igreja católica está a viver um momento difícil com a fé a ser posta em causa, o que leva muitas pessoas a não participar nos actos litúrgicos. É preciso renovar a Igreja e dar-lhe uma vida nova , outra dinâmica e foi por isso que o papa Francisco decidiu e bem convocar um Sínodo.
Uma das ideias chaves a ter em conta no Cristianismo de hoje é a inculturação da fé, respeitando a língua ,os costumes e tradições dos povos a evangelizar. A língua de cada país já está a ser respeitada desde o Concílio do Vaticano II e já lá vão 60 anos. É claro que, como diz o padre Manuel Augusto Ferreira a inculturação da fé não pode pôr em causa as verdades que recitamos no Credo. Os que pela fé aderiram ao cristianismo católico não podem cair na formulação de meias-verdades que ponham em causa a identidade do anúncio cristão. Todos sabemos que Jesus Cristo não fez acepção de pessoas. Perdoou até aos pecadores mas pediu para não voltarem a pecar. É evidente que não nos podemos salvar sem um apelo à metanoia, ou seja à transformação e à conversão pessoal. O autor do texto citou ainda o Padre Tomás Halik que refere as várias fases do Cristianismo até aos nossos dias. Assim, até ao Concílio do Vaticano II pôs-se o acento na ortodoxia ( ou seja na recta doutrina) ; no pós- concílio foi a vez da ortopraxia ( na recta acção para transformar a sociedade segundo os valores do Evangelho) e neste século está-se a pôr a tónica na ortopatia ( isto é nos rectos sentimentos e afectos ) em relação a pessoas, animais e Natureza. Na parte final do texto o autor diz o seguinte : “ O desafio que se coloca anos missionários é o de integrar as três dimensões ou seja as ideias, os afectos e as acções. “
E vou terminar com algumas passagens do livro “ Um Cristianismo Sinodal em Construção . A Fé Cristã na actual Sociedade “ do teólogo Mário de França Miranda que sugere o seguinte :
Como é do conhecimento geral o Papa Francisco convocou um Sínodo que vai começar, segundo o que está previsto, em Outubro de 2023 e terá a sua conclusão em Outubro de 2024. A Igreja católica está a sofrer uma enorme crise que tem muito a ver com a secularização da sociedade e com a vida materialista e agitada que uma grande parte da população leva sem ter tempo para pensar, meditar ou reflectir. A felicidade para muita gente está em gozar a vida e olhar de lado para os esquecidos da sociedade: pobres, imigrantes, doentes e vítimas da guerra. Para muitos a vida não tem qualquer sentido e acaba com a morte.
O Concílio Vaticano II convocado pelo Papa Francisco em 1961 teve uma inovação importante. A eucaristia e os actos litúrgicos que eram celebrados em latim passaram a ser feitos na língua originária de cada país. O celebrante que presidia aos actos litúrgicos fazia-o de costas viradas para a assistência. Lembro-me também que que na Igreja havia uma separação de homens e mulheres. Os homens ficavam nos bancos da frente e as mulheres atrás. Todas estas regras e praxes tinham a sua origem na religião judaica onde ainda prevalece a separação e a discriminação entre homens e mulheres. Quando se fez esta reforma houve muitos padres que se revoltaram e não aderiram a estas regras. Isto também poderá acontecer com algumas reformas que irão ser implementadas com este Sínodo. Não sou teólogo nem queria imiscuir-me nestes assuntos. Creio no entanto que todos os baptizados são cristãos e como tal parte integrante da Igreja. Seria muito importante que todos os interessados dessem a sua opinião sobre as principais reformas a fazer na Igreja. Bastaria que a cada um fosse fornecido um questionário sobre os temas mais importantes a tratar no Sínodo. Resta-nos a esperança que as mulheres que vão tomar parte no Sínodo e com direito a voto tenham um papel importante na reforma que é preciso fazer.
Pessoalmente entendo que deve haver uma reforma dos textos litúrgicos sobretudo os do Antigo Testamento que foram escritos num determinado contexto e se encontram desadaptados para a época que estamos a viver. Não faz sentido por exemplo falar num Deus cruel e vingativo e ao qual se pede para mandar matar pessoas. Também não faz sentido que o sacerdote tenha de assumir o celibato. O celibato devia ser facultativo e não obrigatório. Muitos apóstolos e discípulos de Jesus eram casados. Também a confissão auricular devia ser facultativa pois a obrigatoriedade inibe muitos cristãos de comungarem. É claro e evidente que quem tenha problemas deverá abordar um sacerdote. Jesus não instituiu o sacerdócio mas incumbiu os discípulos e apóstolos de divulgarem o Evangelho. O clericalismo só surgiu mais tarde na Igreja. Mas só quando o cristianismo se tornou a Religião oficial do Império Romano é que tudo se vai alterar. A Igreja começa a imiscuir-se na política e os políticos a imiscuírem-se na Igreja.
A parte mais polémica das reformas a fazer seria a atribuição às mulheres do poder de celebrar a eucaristia. Há uma disposição petrina que inibe a mulher desse ministério e que se trata de um dogma intransponível.
Acabei de ler recentemente um livro que tem como Título “ Um Cristianismo Sinodal Em Construção “ da autoria de Mário de França Miranda que é doutorado em teologia e Professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Na parte final do livro ou seja no Epílogo o autor diz-nos quais os traços marcantes de um cristianismo Sinodal futuro. E passo a transcrever o seguinte:
1-O Cristianismo futuro deverá ser apresentado a partir da pessoa de Jesus Cristo, das suas palavras e das suas acções
2-O Cristianismo futuro deverá fomentar a vivência real da fé que impregne toda a vida do cristão, não se limitando apenas a confissões de fé e a recepção de sacramentos.
3-O Cristianismo futuro deverá ser um Cristianismo missionário. Ser cristão significa estar comprometido com a missão de proclamar e realizar o Reino de Deus.
4-O Cristianismo futuro irá recuperar a diversidade de carismas no interior da comunidade cristã. Deverá oferecer formação e espaço de acção para o laicado, seja no interior da comunidade , seja na relação com a sociedade.
5-O Cristianismo futuro deverá expressar-se numa linguagem acessível. Deverá rever os textos doutrinais e litúrgicos para libertá-los seja de expressões arcaicas seja de concepções teológicas subjacentes, recusadas pela consciência eclesial moderna.
6-O Cristianismo futuro deverá fomentar mais a experiência religiosa. É a experiência pessoal de Deus em acção na pessoa que fundamenta a sua fé.
7-O Cristianismo futuro deverá consistir em comunidades menores, nas quais as pessoas se conheçam, possam partilhar as suas experiências e aprender umas com as outras.
8-O Cristianismo futuro deverá estar presente e colaborar em todos os sectores da sociedade, para levar por diante o projecto de humanização, intrínseco à noção de Reino de Deus. Não haverá mais acções profanas na vida do cristão; são todas sagradas desde que realizadas por amor e solidariedade, estimuladas pelo Espírito Santo.
9- O Cristianismo do futuro passará por mudanças nas expressões da mensagem e na própria instituição eclesial numa sociedade transformada pela cultura virtual
10-O Cristianismo futuro dependerá também da nossa colaboração neste momento histórico Afinal, todo o cristão , como tal, está activamente comprometido com o projecto de Deus para o mundo, no seguimento de Jesus Cristo.
Este é o título de um livro escrito pelo Papa Francisco, publicado este ano e que adquiri recentemente numa livraria.
Em jeito de introdução diria que o tema pode ser abordado negativamente ou de forma positiva. Uma Boa Vida não é certamente quem gasta o tempo em mundanidades, frivolidades ou aquele que é um hedonista e apenas lhe interessa o prazer momentâneo. O Papa Francisco vê no entanto Uma Boa Vida como algo positivo que nos pode causar alegria e felicidade. Para se chegar lá é necessário pôr de lado o egoísmo, sairmos de nós mesmos e acompanhar quem precisa do nosso apoio e ajuda. Temos que ser solidários e partilhar o pouco que temos com os pobres. Devemos pôr em prática as Bem Aventuranças: Tive fome e deste-me que comer; tive sede e deste-me de beber ; estive preso e foste-me visitar, etc.. Não podemos ficar indiferentes às desigualdades sociais e devemos fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para o conseguir. O verdadeiro objectivo da vida não é o ter, o poder e o ser. Para isso devemos seguir como modelo Jesus Cristo que veio para servir. No livro o Papa Francisco sugere 15 regras para Uma Boa Vida que passo a citar:
1-Pensa, ali onde Deus te semeou, espera ! Espera sempre. Somos todos precisos. O bem existe( mesmo no sítio onde vemos o mal ). Jesus veio em busca mais de pecadores do que dos justos, para curar os doentes antes mesmo dos saudáveis. Ninguém pode dar ao mundo aquilo que tu podes dar. Cada um de nós é preciso aos olhos de Deus.
2-Jesus entregou-nos uma luz que brilha nas trevas : defende-a, protege-a. No fim da vida aquilo que tivermos dado, surgirá como a verdadeira riqueza.
3-Não te rendas à noite: recorda que o primeiro inimigo a vencer não está fora de ti, mas dentro. Três conselhos de Espírito Santo para uma vida boa: 1-vive no presente; 2-procura o todo; 3-coloca Deus antes do teu eu.
4-Cultiva ideais. Vive por algo que supera o homem. O príncipe do mundo( demónio) ilude a nossa vida. Há 3 inimigos do bem : 1.o narcisismo ;2-a vitimização ; 3-o pessimismo. Devemos evitar a preguiça espiritual e o sono da mediocridade e da indiferença.
5-Crê na existência das verdades mais elevadas e bonitas. Confia no Deus Criador e no Espírito Santo.
6-Não penses que a luta que enfrentas na Terra é totalmente inútil. Há altos e baixos, luzes e sombras, Devemos confiar mesmo na dor.
7-Onde quer que estejas, constrói ! Se estás no chão, levanta-te. Peçamos o dom da sapiência. A sabedoria que consiste em ver com os olhos de Deus, ouvir com os ouvidos de Deus, amar com o coração de Deus, julgar com o juízo de Deus. Sabedoria que nasce da fé e nos ajuda a identificar as promessas falsas e que também nos abre aos outros. Se eu não tiver a alegria da minha fé, não poderei dar testemunho
8-Exerce a paz no meio do homem e não escutes a voz de quem espalha ódio e divisões. Se procuras Deus no sofá ou ao espelho não o encontrarás. Deus descobre-se caminhando. De pouco serve ir à Lua se não vivermos como irmãos na Terra. O mundo digital pode expor-te ao risco de te fechares em ti mesmo, de isolamento ou de prazer vazio. Invoca o Espírito santo e caminha, confiante, para a grande meta: a santidade.
9-Ama as pessoas uma por uma. Respeita o caminho de todos. Jesus, Deus comprometeu-se de maneira total para restituir esperança aos pobres, a quantos estão privados de dignidade, aos estrangeiros, aos doentes, aos presos e aos pecadores que acolhia com bondade. Sê Santo onde quer que vivas. Se estás casado sê santo amando e cuidando do teu marido ou da tua mulher, como Cristo fez da Igreja. Se és trabalhador sê santo, cumprindo com honestidade e competência o trabalho ao serviço dos irmãos ; se és progenitor, avó ou avô, sê santo ensinando com paciência as crianças a seguir Jesus. Todos devem ser protagonistas de mudanças e construtores de um mundo melhor.
10-Sonha, sonha! Não tenhas medo de sonhar. O diálogo ajuda o mundo a viver melhor. A verdadeira compaixão é sofrer com, as dores dos outros. O cristão que não for solidário não é cristão. Não praticar o mal é bom. Mas não praticar o bem não é bom. Temos de praticar o bem e sair de nós mesmos e olhar para os mais necessitado Onde quer que estejas faz a paz. A paz não é apenas a ausência de guerra, mas é uma vida de significado, estabelecida e vivida em realização pessoal e em partilha fraterna com os outros.
11-Sê responsável por este mundo e pela vida de cada homem. Pensa que cada injustiça contra o pobre é uma ferida aberta e diminui a tua dignidade. Devemos ser contra a corrente do “ usar e ditar fora”. Contra os arrogantes, contra a cultura da posse, da diversão insensata, da arrogância para com os mais frágeis. Contra a mentalidade do mundo que exalta o sucesso, o bem-estar pessoal e a afirmação própria em detrimento dos outros. Devemos ser corajosos e ir contra esta corrente.
12-Quando te encontrares amedrontado diante de algumas dificuldades da vida, recorda-te de que não vives só por ti mesmo. Hoje a natureza à nossa volta já não é admirada, contemplada mas ”devorada”. É preciso levantarmo-nos da prisão do telemóvel, para olhar nos olhos dos que estão ao nosso lado e da criação que nos foi dada. Precisamos de estar em silêncio, de ouvir e de contemplar. Precisamos de ter tempo para meditar e reflectir.
13-Tem sempre a coragem da verdade, mas recorda: não és superior a ninguém. Não há fidelidade sem risco. Na parábola dos talentos os bons são aqueles que arriscam. Cada instante da nossa existência, é um tempo precioso para amar Deus e para amar o próximo. Sonhar que, se deres o melhor de ti, vais ajudar que este mundo seja diferente. Quanto maior for a capacidade de sonhar, mais caminho terás percorrido.
14-Se erras levanta-te: nada é mais humano do que cometer erros. O filho de Deus não veio para os sadios mas para os doentes: portanto veio para ti. Não tenhas medo de Deus. Arrisca mas avança. Tem sempre coragem de te reergueres. Liberta-te da nostalgia, da escravidão. Entrega-te ao melhor da vida. Não fiques a observar a vida da sacada. Lancem fora os medos que vos paralisam para não vos tornarem jovens mumificados
15-Crê firmemente em todas as pessoas que ainda trabalham pelo bem. Vive, ama, sonha ,crê. E, com a graça de Deus, nunca te desesperes.
São muitos os conselhos que o Papa Francisco nos apresenta neste livro que vale a pena ler. Isto exige de nós muita coragem e determinação. A vida é feita de sofrimento e também de muita alegria e felicidade. Mas a coragem de fazer o bem e a ajuda ao próximo fortalece-nos e compensa os momentos difíceis que temos de enfrentar.
Este é o título de um livro que tem como autor Miguel Monjardino, professor de Geopolítica e Geoestratégia no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. O livro consta de vários textos que escreveu ao longo dos anos como colunista do Jornal Expresso.
No período que se seguiu ao colapso da União Soviética o filósofo Fukuyama chegou a pensar que seria o triunfo das democracias liberais e provavelmente o fim da História. Hoje estamos a viver um período de grande turbulência e instabilidade. Esta alteração da política internacional é designado por Monjardino como a Crise dos Trinta Anos. Todos os esforços que os Estados Unidos da América fizeram para integrar Moscovo e Pequim no sistema constitucional da ordem internacional juntamente com os países europeus e dos aliados na Ásia e no Pacífico não resultaram. A instabilidade e as desigualdades sociais levaram à formação de partidos populistas e nacionalistas que por sua vez deram origem a regimes autocráticos e ditatoriais que não respeitam os direitos individuais dos cidadãos. Na ordem do dia temos a Guerra na Ucrânia que está a arrasar um país livre e independente e a ser subjugado pela pretensão imperialista de Putin.
Miguel Monjardino alerta para a ambição de Putin em fazer implodir de uma vez por todas a ordem e a segurança europeia e a urgência de Pequim em consolidar o seu controlo sobre Xinjiang, Hong Kong e Macau e pressionar a Índia nos Himalaias e tentar dominar Taiwan. Tudo isto faz parte de um processo histórico a que podemos chamar a Crise dos Trinta Anos. Há trinta anos todas as estradas iam dar a Washington. Agora vão ter a Pequim e este poderá ser o século de uma Ásia liderada pelo Partido Comunista da China.
Na parte final do livro Miguel Monjardino esclarece o seguinte: « A propensão para Putin e Xijiping correrem mais riscos é alimentada pelos mitos de que o líder russo é um extraordinário estrategista e a China uma potência que vê mais longe do que as democracias. Estes mitos, que são muito úteis às propagandas russa e chinesa, criaram entre alguns de nós a impressão de que as autocracias são claramente superiores às democracias liberais em termos de governação e competência estratégica. A História curiosamente aposta noutro sentido. As democracias liberais cometem e continuarão a cometer muitos erros. Todavia os seu sistema constitucional permite-lhes corrigi-los e mudar as suas lideranças de forma consensual e pacífico. A concentração de poder e riqueza em Putin e em Xi Jiping impede a Rússia e a China de corrigirem os erros cometidos em tempo útil, mina as instituições políticas nacionais e agrava os problemas constitucionais da transparência do poder para uma nova geração de governantes. Acresce a tudo isto os problemas sociais, económicos e políticos que são evidentes na Rússia e na China. Por outro lado o êxodo dos russos mais educados e talentosos para a Ásia Central, o Cáucaso, a Sérvia e o Levante enfraquecerão a Rússia durante gerações e poderão mesmo colocar em risco o regime liderado por Putin desde o ano de 2000.
A situação na China é bem diferente. Nunca tantos chineses viveram tâo bem como agora. Isto deve-se também à transferência de tecnologias e dos métodos de gestão de países desenvolvidos como a Alemanha os Estados Unidos, Japão e Taiwan que contribuíram para a ascensão da China. É contudo natural que as taxas de crescimento económico na China venham a baixar consideravelmente nos próximos anos. Pra Xi Jinping que se está a perpetuar no poder, a luta para afirmar a China a nível internacional é agora mais relevantes que a economia. A centralização do poder em Jinping e num pequeno grupo de pessoas irá certamente dificultar a solução ou a gestão da maior parte dos problemas.»
Para terminar queria chamar a atenção para a pergunta que o Professor Monjardino faz e que corresponde ao título do livro: Por Onde Irá A História ? É muito difícil responder a esta questão pois é um verdadeira incógnita. O planeta Terra está em perigo e para isso contribuem diversas causas: as alterações climáticas provocadas pelo consumo exagerado dos combustíveis fósseis , as novas tecnologias como a inteligência artificial e os robots quando aplicados ao armamento militar ; os conflitos raciais entre etnias e a guerra onde intervêm grandes potências como a que está a decorrer na Ucrânia. Para enfrentar estas causas é necessário que haja acordos entre as grandes potências a nível internacional, que são difíceis de obter e que nem sempre são cumpridos.
Ao romano Flávio Vegésio é atribuída a sentença “ Si vis pacem para bellum “( Se queres paz prepara a guerra ) Esta frase pode ter várias interpretações. Uma delas é a que devemos estar preparados para a guerra que pode sempre aparecer. A outra a mais radical é que só pela força se consegue a paz. Hoje pelo que podemos observar, tanto o espírito belicista de Putin como as ameaças do Presidente da Coreia do Norte Kim Yong-um, que anda sempre a fazer experiências com misseis nucleares, não nos deixam augurar nada de bom quanto ao futuro
Este é título de um livro escrito por A.C Grayling professor em Oxford que já editou 30 livros sobre filosofia, história, ciência e actualidade.
É notório e evidente que o planeta Terra está em perigo. O aumento do carbono na atmosfera está a fazer subir a temperatura e a produzir efeitos que se reflectem na frequência de furacões, derretimento do gelo polar, desaparecimento de corais e de algumas espécies. Há terrenos que eram férteis e estão a desertificar. Para o aumento da temperatura está a contribuir a utilização de combustíveis fósseis. A juntar a tudo isto estão as guerras e guerrilhas, a pobreza e as desigualdades sociais que levam a migrações forçadas pondo em risco de vida muitas pessoas. Tendo em conta estes factores há três desafios prementes que o mundo enfrenta: a mudança climática, os aspectos inquietantes do desenvolvimento tecnológico e ainda os défices de justiça social, económica e política.
1-O primeiro problema, é o aquecimento global. Há que reduzir o ritmo do aquecimento e de mitigar os seus efeitos. Isto só é possível se a humanidade trabalhar em conjunto e de partilhar os custos e o ónus de o fazer . Impõe-se o uso integral de energias limpas e renováveis . Possivelmente terão que se utilizar máquinas que possam extrair da atmosfera o CO2, preservar as florestas que existem e reflorestar mais terrenos.
2-O segundo problema é a tecnologia que trouxe grandes benefícios para a humanidade mas que pode ser uma fonte de perigo para os indivíduos e para a sociedade. Isso pode acontecer quando a Inteligência artificial (IA) for aplicada a armas que se encontram em desenvolvimento. Há também a ameaça à privacidade individual e à desestabilização das instituições democráticas e dos governos. Os avanços na engenharia genética e a investigação em células estaminais oferecem a possibilidade de modificar os seres humanos do útero à idade avançada
3-O terceiro problema tem a ver com a justiça e os direitos. Aqui se incluem o desrespeito dos direitos individuais, casos relacionados com a homossexualidade com a sexualidade, desigualdade de género, fé e secularização, genocídios, escravatura, lei , direitos e liberdades e a justiça económica. É a esta categoria de justiça que pertencem os esforços para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Estes objectivos têm a ver com uma justiça para toda a humanidade e isso implica suplantar as fontes de divisão que existem no mundo. Para muitos países tudo o que pode ser feito será feito se trouxer alguma vantagem ou lucro a quem puder fazê-lo. Isto acontece com a produção e fornecimento de armas. Noutros países dá-se a situação inversa. Tudo o que pode ser feito não o será se isso acarretar custos económicos a quem pode pôr-lhe cobro. Aqui se situa o controlo das mudanças climáticas, a erradicação das doenças tropicais, introduzir sistemas de democracia e liberdades civis e negar a concentração de poder nas mãos de interesses económicos. A outra raiz das dificuldades do mundo é a ideologia: ideologias políticas, sociais, morais e religiosas.
Um outro factor que pode gerar conflitos e desentendimentos é o Relativismo. Há certos comportamentos que para uns são bons e que para outros são maus. Do ponto de vista objectivo atitudes como a tortura de crianças, o homicídio, a violação, a agressão militar, o roubo, a falta de gentileza e a crueldade, são moralmente erradas em todo o lado e para qualquer pessoa. Sem dúvida que é uma tese a favor da universalidade de valores morais universais.
4-SOLUÇÃo. Na parte final do livro o autor propõe uma solução para os problemas globais atrás mencionados. Uma é por meio de uma acção concertada e cooperativa da humanidade para prevenir e mitigar ou gerir suficientemente bem. A outra é enfrentar a realidade, que se impõe à humanidade quando os problemas estiverem para lá da nossa capacidade para lidar com eles. Neste último caso o fim dos problemas poderá incluir o fim da humanidade. Há duas barreiras a ter em conta: uma é o conflito e a competição que alimenta « corridas ao armamento» nas esferas económicas e tecnológicas. A outra são as diferenças políticas, religiosas e culturais que mantêm as pessoas , povos e Estados à distância, sendo a suspeita e a hostilidade uma característica comum da maneira como uns veem os outros.
No que diz respeito à mudança climática há três coisas que perturbam uma imagem optimista : uma é a mudança de governo ; outra as mudanças de opinião pública ; e uma terceira as flutuações das tensões internacionais. Neste último caso temos o exemplo irredutível e imperialista da Rússia no que diz respeito às suas fronteiras ocidentais e meridionais, nomeadamente em relação à Ucrânia e à Geórgia assim como o hábito russo de enviar agentes para matar dissidentes russos no estrangeiro.
Para terminar o autor diz que é essencial uma sociedade ter um governo democrático para todas as pessoas e não apenas para um grupo, classe, ou fação. Um governo não é maioritário nem minoritário mas tem de ser inclusivo no seu dever e objectivos. A democracia genuína é o meio de conseguir a cooperação altruísta entre governos ; a democracia genuína dá corpo aos direitos humanos e põe-nos em acção. Se os eleitores e os seus governos não adoptarem o rumo apropriado, só um activismo generalizado, à medida que a catástrofe se adivinha e o pânico cresce, será cada vez mais o recurso adoptado
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