Em política governar não é fácil. É preciso programar e depois proceder à execução dos planos previamente estudados de forma a atingir as metas pretendidas. Os programas apresentados aos eleitores deverão ser fielmente cumpridos sob pena de se desacreditar a democracia. Há quem queira agradar aos eleitores garantindo determinadas medidas que depois não são executadas. Por vezes têm de se tomar decisões imediatas que não estavam previstas e implicam despesas extraordinárias que têm de ser efectuadas. Há serviços como a Saúde e a Educação que embora dêem prejuízo ao Estado têm de ser prestados pois está em causa o interesse geral da população sobretudo das classes mais desfavorecidas. Se assim não fosse só os ricos teriam direito à saúde e à educação. Vem isto a propósito do que alguns comentaristas apelidaram de intervenção arrogante e autoritária do governo no que diz respeito, ao fecho de algumas urgências nos SAP e à denominada laicização da sociedade.
As urgências nos SAP estavam a prestar bons serviços em quase todas as localidades nomeadamente nas regiões do interior muitas delas afastadas dos hospitais onde podiam recorrer em caso de emergência. Foram criados porque se entendeu que eram necessários às populações e de um momento para o outro essa utilidade deixou de existir. Para uns terá sido por razões económicas ou seja para poupar dinheiro. Para o ministro da saúde trata-se de racionalizar os serviços e de os tornar mais operacionais.
Não duvido que haja casos em que o número de doentes atendidos durante a noite seja reduzido ou insignificante. Também não duvido que muitos doentes foram reconduzidos para os hospitais por não haver condições para um tratamento adequado nos SAP. De qualquer forma há sempre situações em que um atendimento rápido e atempado pode salvar uma vida. Só por isso justificar-se-ia a manutenção de um serviço de urgências.
Poupar dinheiro só faz sentido se não houver diminuição de regalias dos utentes do serviço nacional de saúde.
Um outro aspecto que está a gerar alguma polémica e tem tido eco nos órgãos de comunicação social é a tentativa do governo de laicização da sociedade civil. Primeiro foi a questão das capelanias dos hospitais e recentemente constou que iriam ser retirados os nomes de santos das escolas. Todos sabemos que deve haver uma separação do Estado e da Igreja sem interferências de um lado e do outro. Ou seja, para dizer de uma maneira mais simples, o Estado deve ser laico. Era precisamente o que pensava Jesus Cristo quando respondendo uma pergunta provocatória de um fariseu disse : “ dá a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. O Estado e a Igreja devem respeitar-se mutuamente actuando apenas no âmbito da competência própria de cada um.
Se o governo pretende suprimir toda a simbologia e referência religiosas de edifícios públicos essa atitude parece-me não só inadequada mas perfeitamente desnecessária. Durante largos anos ninguém se sentiu incomodado e de um momento para o outro as coisas mudaram de tal maneira que é necessário apagar tudo da memória. Necessário e prioritário seria para mim que o governo dedicasse mais tempo ao desenvolvimento económico do país e à resolução dos problemas sociais de forma a minorar o fosso existente entre os que ganham fortunas em lugares de chefia e os que vivem no limiar da pobreza.
Francisco Martins
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